segunda-feira, 8 de junho de 2009

Leitura - Currículo e Tecnologia Educativa

No âmbito de estudos anteriormente desenvolvidos é analisado noutros âmbitos a mesma questão: “de que modo a tecnologia educativa responde ou não aos problemas de fundo da educação publica em Portugal?”
Esta questão será analisada tendo em vista quatro focos.
1. Politicas neo-liberais
2. Ensino doméstico
3. Relevância dos conteúdos curriculares
4. “Outra concepção de escola” (recorrendo aos avanços da tecnologia)

Tendo surgido no fim dos anos 70 início dos anos 80, as políticas de carácter neoliberais tentam reformular ou dar novo sentido a valores como a justiça social e liberdade passando a ter um carácter mais mercantilizado. Assumem portanto novas concepções, novas identidades tendo um carácter mutante. Este novo modelo político que se foi desenvolvendo cria uma nova relação entre o estado e os cidadãos.
Em meados de 1991 surge nos estados unidos uma nova corrente vertente de ensino, as Charter School (escolas cooperativas) onde se promovia o desenvolvimento igualitário tanto a nível de oportunidades, direitos. A nível profissional pretendia desenvolver nos professores iguais oportunidades de trabalho e de progressão na carreira.
Surge também nesta altura o reviver do Homeschooling (ensino em casa). Holt, defende que os pais podem não estar preparados para enfrentar e provocar a mudança necessária face ao já encontrado na escola. Até que ponto será proporcionado o desenvolvimento das capacidades sociais, físicas e cognitivas da criança. Por outro lado uma das vantagens é que a casa é um lugar onde a criança se sente segura, onde se podem proporcionar uma aprendizagem contextualizada resolvendo assim muitos dos problemas de adaptação inerentes.
O homeschooling pressupõe uma mudança face à escola, segundo Holt pressupõe um unschooling, pois este considerava que a escola cortava a liberdade a natureza da criança.
“ O essencial deste género de aprendizagem é que ela se torna significativa para a criança.” (ParasKeva,pp78)
No fundo este processo permite que cada criança aprenda ao seu tempo, com os seus meios e orientada por pais, irmãos mais velhos, etc. sendo que os mesmos que escolhem conteúdos, tempos, didácticas. Até que ponto será este processo vantajoso? Bem a criança aprende ao seu ritmo a família orienta a sua aprendizagem filtrando o que entende ser menos ou mais positivo para a mesma. Por outro lado perde a socialização inerente à frequência da escola, pode perder conteúdos considerados importantes pela sociedade e relativos a outras “culturas”.
Tem sido uma escolha de muitas famílias principalmente nos Estados Unidos por permitir deste modo uma educação por parte dos pais numa determinada religião, e por vezes devido a grandes descrenças no ensino público oficial como é o caso do Canadá.
Se o homeschooling surge também numa perspectiva de lutar contra as desigualdades provocadas pelo sistema de ensino devemos ter em conta que do mesmo modo ao colocarmos os materiais acessíveis na internet estes poderão não ser trabalhados ou aproveitados do melhor modo. O importante será formar pessoas capazes de processar, transformar e do mesmo modo recolher informação. Podemos fomentar também deste modo desigualdades.
A relação professor, aluno que tanto é discutida nos dias de hoje também se vê alterada e até que ponto será essa relação prejudicial? Bem a orientação de um professor num currículo formal é importante bem como na sua preparação para a descoberta (World Wild Web).
A tecnologia esta na base de uma mudança efectiva, mas que deve ser orientada num sentido positivo, não devendo ser mais um entrave às questões apresentadas mas sim uma ajuda essencial nas melhorias e reformulações educativas.

Fonte:
Paraskeva, J. (2006). Se a Tecnologia Educativa é a Resposta qual é a Perguta? in Paraskeva, J. & Oliveira, L. (org.), (2006). Currículo e Tecnologia Educativa. Lisboa: Edições Pedago, Lda, Cap.3: pp – 67/65.

Sem comentários:

Enviar um comentário